sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O "Cristo-Ponte" - Santa Catarina de Sena






Caros amigos e amigas, Paz do Coração de Jesus!


Tenho me dedicado na leitura místico-espiritual de Santa Catarina de Sena, especialmente sua célebre obra O Diálogo, onde ela, “pobre e indigna serva”, dialoga com o Senhor de sua alma.

É perceptível o grau de intimidade que ela possui com o Mestre e, evidentemente, como ela nos repassa sua experiência mística com Ele. É claro que palavras não conseguem exprimir o todo de uma experiência, mas conseguem, por outro lado, inspirar-nos na busca pela intimidade com Deus. Os Santos nos apontam estes caminhos; caminhos que nos levam Ao Verdadeiro e Único Caminho – o próprio Senhor.

Uma das mais belas elucidações que a Santa Doutora faz, é a explicação de Deus à sua alma, da imagem do “Cristo-Ponte” e isso gostaria de partilhar com vocês, caros amigos.
“Fiz do meu Filho – diz o Senhor a ela, uma ponte, visto que a estrada para o céu foi interrompida por Adão”. Continua Ele: “Com o advento do pecado, imediatamente brotou um rio tempestuoso [...] São as misérias e males provenientes do próprio homem, do demônio e do mundo” [...] Para remediar a tantos males, construí a ponte no meu Filho” (10.2; 10.3). Sobre o ‘material desta ponte’, diz o Senhor: ocorreu que uni o humano com o Divino, afim de constituir tal ponte e que esta fosse firme, tal que sustentasse tamanha envergadura (entre o rio do pecado até a vida Eterna”. (10.5) E ainda: “Todos vós deveis passar por esta ponte, louvando-me através do trabalho pela salvação dos homens e tolerando muitas dificuldades” (10.6).

Catarina, então, mediante tais revelações místicas, questiona o Senhor e “pergunta por quem passará pela ponte” (11). Ele lhe revela que Cristo é essa ponte e ensina o que fazer para passar por esta: “Esta ponte é meu Filho e possui três degraus [...] o primeiro é formado pelos seus pés cravados na Cruz, que representam o Amor que transporta o Corpo e a Alma; por este, se chega ao segundo degrau – o peito aberto de Nosso Senhor, donde nos são revelados os segredos do Coração de Jesus e onde o homem fixa o pensamento no Coração transpassado do Salvador [...] O terceiro, por fim, é a boca de Cristo, onde o homem encontra a Paz, depois de uma luta para vencer as suas culpas”. (12.1) No primeiro degrau, o Cristão se afasta da afeição terrena, do apego às coisas materiais, despoja-se dos vícios e coloca-se a caminho da Vida Eterna, no segundo adquire Virtudes e no terceiro a Paz. (cf. 12.1)

Essa revelação pareceu-me muito oportuna, sobretudo para os dias de hoje, onde tenta-se, a qualquer custo e modo, afastar o homem e a mulher do caminho da salvação, do caminho estreito e árduo a ser trilhado. Oferecem ‘mil e uma coisas’ e, aos poucos, vamos nos deixando levar ‘por isso e por aquilo’. Coisas prazerosas, é claro! Nada parece custar renúncia e sofrimento, mas sim, geram alegrias e prazer.

Hoje, não se opta por 'passar por uma ponte', ainda mais quando se fala que 'Cristo é uma ponte'. muitos preferem arriscar-se por trilhas da incerteza, atalhos do egoísmo ou até mesmo preferem passar pelos vales da soberba ou cruzar serras e montanhas do fechamento de si mesmo. Não se 'passa pela Ponte', mas arrisca-se na travessia por si mesmo. Não contam com a ajuda do irmão, muito menos de Cristo.
Não parece ser esse o Caminho que nos conduz à Salvação e à Vida Eterna. O que Deus revelou à sua Serva Catarina, é uma revelação a nós, hoje, que somos bombardeados com tantas informações e ilusões que parecem querer ‘tirar-nos do caminho’ e ‘evitarmos a ponte’ que é Cristo. Ele mesmo nos disse no Evangelho: “tome sua Cruz e siga-me”, “Vem, segue-me etc.

Compreendi tal ‘ponte’ como um alerta: É preciso atentarmo-nos ao caminho que escolhemos! Subir tais degraus, quer nos apontar uma ‘subida’ espiritual, uma ‘Ascensão com Cristo”, aspirando, assim, as coisas do Alto e não meramente as da Terra que também são boas e muitas necessárias ao homem e sua sobrevivência, mas não bastam e não podem nos fechar à dimensão espiritual da Vida. Somos mais do que matéria, somos Espírito, somos Alma e tudo isso deve orientar-se para Deus. Não devemos evitar a ponte, mas passar por ela!


Proponho um exercício: Olhemos para um crucifixo! Lá temos, visivelmente, a ponte erguida, pronta a ser percorrida. O primeiro e fundamental passo Ele já nos deu, e agora?

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Maria, modelo para a Vida Religiosa Dehoniana




Pelo seu Ecce Ancilla, Maria incita-nos à disponibilidade na fé: ela é a imagem perfeita da nossa vida religiosa (Cst. 85)

Caros amigos e amigas, Paz do Coração de Jesus e o amor de Maria! 

É mês de Maio! Tempo em que a Igreja nos convida a olhar para a figura especial de Maria, a Mãe de Deus e nossa.
A presença de Maria Santíssima na vida dos vocacionados, é algo inquestionável. É Ela quem intercede pelos seus filhos junto do Pai; é Ela quem ensina, com seu exemplo, a atitude de escuta que devemos ter ao chamado que Deus nos dirige, independente dos meios que Ele utiliza; É Ela quem ensina-nos a “disponibilidade na fé”, como nos disse nosso Pai fundador, Pe. Dehon.
A figura de Maria, tão querida e especial a nós, religiosos dehonianos, aponta-nos caminhos. Basta olhar para os fatos narrados no Evangelho para compreendermos o que ela nos ensina, não com muitas palavras, mas, antes, com seu testemunho e presença.
Na cena da anunciação, o seu Ecce Ancilla aponta para a obediência à vontade de Deus e, consequentemente, para a escuta da Palavra. Mesmo com seus sonhos, Maria escolhe sonhar o que Deus sonha para Ela. Diz-nos Pe. Dehon: “Essas palavras – Ecce Ancilla, foram como que a fórmula de sua profissão [...] e, somente depois delas, o Verbo se fez carne”. (Dir. Esp. 42).
Continua o evangelista Lucas, narrando a visita de Maria a Isabel: “Maria, pôs-se a caminho para a região montanhosa [...] (Lc 1, 39) Ela não fecha-se em si mesma aguardando que tudo se completasse. Ela levanta e sai. Maria é modelo missionário! Modelo de alguém que “sai de si”. Nas recentes palavras do Papa Francisco em ocasião do 52º dia mundial de oração pelas vocações, encontramos uma expressão que destaca a obediência mariana: “Com a generosa coragem da fé, Maria cantou a alegria de sair de Si mesma e confiar em Deus os seus planos de vida” (Papa Francisco, 26 de Abril de 2015).
Por fim, nosso fundador destaca: “Como Deus é bom por nos ter dado Maria, que é toda bela”! (Coroas de Amor, 2007, p. 67).
Agradeçamos a Deus, sobretudo neste mês de Maio, o dom da maternidade de Maria. Peçamos sua intercessão para que consigamos dizer e viver nosso Ecce Venio todos os dias e em todas as circunstâncias, mesmo que estas nos sejam desagradáveis e contrárias aos nosso planos e sonhos.
Maria, mãe do Sagrado Coração, rogai por nós, dehonianos!

Per Cor Mariae!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

"Fica conosco, Senhor"! - Lc 24

Fica conosco, Senhor!



Caros irmãos e irmãs, Paz do Sagrado Coração de Jesus e o materno amor de Maria Santíssima a todos vós!

Estamos vivendo na Igreja o Tempo Pascal. Esta parte da nossa caminhada, é marcada pela alegria da presença do Ressuscitado entre nós! Isso mesmo! Aquele que foi condenado, preso, sofreu tormentos e martírios, morreu cruelmente pregado numa cruz, venceu a morte com a Vida nova.

Na semana que chamamos de Oitava da Páscoa, a Liturgia aponta para os vários momentos de aparição que o Mestre dignou-se fazer aos seus discípulos após sua ressureição.

Conhecemos o exemplo de Tomé, sobretudo na passagem do Evangelista João que nos narra assim: “A paz esteja convosco! Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. [...] Um dos doze, Tomé, não estava com eles quando veio Jesus. [...] Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se eu não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20, 24-25)

Outro relato de aparição do Senhor, está, também, em João, no Epílogo (Capítulo 21), onde se lê: “Depois disso, Jesus mostrou-se novamente aos seus discípulos, às margens do mar de Tiberíades”.

Porém, a passagem que mais nos deixa encantados com a presença viva do Senhor em nosso meio, é a passagem dos Discípulos de Emaús. Encontramos em Lucas um belíssimo relato desta episódio que, ao mesmo tempo, nos conforta, mas questiona. Dediquemos algumas linhas acerca desse acontecimento.

“[...] Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus se aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles, seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-lo”. (Lc 24, 15-16).

Já nesta primeira parte da narrativa, percebemos um “Jesus que se põe a caminho”, ou se preferirmos, um “Jesus em movimento”, que não deixa que se entristeçam por sua causa. Ele caminha com eles, e mais adiante, dialogará com os mesmos. Porém, eles, assim como nós, nos dia de hoje, são impedidos de reconhecê-lo, não conseguem vê-lo e senti-lo como o Cristo Vivo e presente naquela circunstância.

“[...] Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando? [...] Tu és o único forasteiro em Jerusalém que ignora os fatos que nela aconteceram nesses últimos dias? [...] O que aconteceu com Jesus de Nazaré [...]”. (Lc 24, passim).

Os discípulos estão com Ele, com Jesus de Nazaré e ainda questionam sobre sua certa ignorância em relação aos fatos que aconteceram em Jerusalém. “Tu não sabes?” Um deles chamado Cléofas, pergunta ao Mestre e Senhor. Devemos transportar-nos ao texto e seu contexto e imaginar, como diz um padre formador, ‘usarmos nossa imaginação’ para saborearmos a Palavra e compreender sua mensagem. É Jesus que se faz presente, a caminho, e são homens que, mesmo em sua presença, não o reconhecem e ainda o questionam. Quantas vezes não vemos o Senhor que caminha conosco! Quantos são os questionamentos que fazemos em relação desta doce presença entre nós!

“[...] esperávamos que ele fosse [...] ele, que era um profeta [...]” (Lc 24, passim). Estes são recortes da fala dos Discípulos a caminho de casa que demonstram o ‘o tom de passado’ da conversa com aquele forasteiro desinformado. Era passado. Tudo passou. Todas as esperanças e sonhos foram frustrados, pois o ‘Senhor passou’; passaram suas promessas, seus feitos grandiosos e suas belíssimas exortações. Passaram, ainda, sua presença na terra e restava a crueldade e intolerância humanas. Havia naquele caminhar a falta de esperança!

Como já dito, o Evangelho quer dizer algo de atual a nós e como não pensar em nosso caminhar sem esperança que, por muitas vezes, percorremos durante a vida? Falta Esperança em nós. Não vãs e passageiras esperanças, porque destas estamos impregnados. O que falta em nós é a virtude da Esperança! Como afirma o Catecismo da Igreja Católica, “Esperança é uma virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da Graça do Espírito Santo” (CIC 1817).

É tempo Pascal! Tempo de renovar nossa Esperança como peregrinos deste mundo. Um peregrino sem Esperança, é como um navio sem norte, sem direção!
Renovemos nossas disposições, reafirmemos valores e sejamos, cada dia mais, imagem e semelhança de Deus, construindo, assim, uma sociedade mais divina, mais filial e, como consequência, mais humana!


Abraços pascais!

sexta-feira, 27 de março de 2015

Padre Dehon e a Paixão de Cristo






















Caros irmãos e irmãs, Paz do Sagrado Coração de Jesus e o materno amor de Maria Santíssima a todos vós!

Estamos entrando na Semana Santa, tempo forte em nossa vida. Como disse no artigo anterior, a Quaresma indica este tempo favorável à conversão do coração, das atitudes – o rasgar o homem velho afim de que viva em nós o homem novo, renovado, segundo o Espírito Santo que nos deu o Pai, por Jesus.

Padre Dehon, fundador da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, foi um amante do Mistério da Paixão de Cristo e viu, neste ato solene, elementos fundamentais da nossa fé e da nossa adesão a Cristo Jesus.
No Diretório Espiritual, obra deixada por ele aos seus religiosos, dedica parte à Paixão de Cristo e mostra como o Senhor nos ensina com seus atos diante de sua condenação e morte.
Assim nos diz: 
“No seu modesto triunfo, montando um jumentinho, no começo da Semana Santa, Nosso Senhor ensina-nos a doçura e a humildade: [...] ‘Aí vem o teu rei manso’ (Mt 21, 5). Em Betânia, durante a Semana Santa, Jesus dá-nos, junto dos seus amigos, um exemplo de fidelidade nas provações.  Durante a agonia, no Jardim das Oliveiras, com os seus indizíveis sofrimentos, ensina-nos o que é o pecado, quanto ele pesa na sua alma inocente. Convida-nos a nos unirmos à sua agonia, a passar com Ele as tardes, o começo da noite, para consolar o seu Coração com os nossos sentimentos de amor e de compaixão. Na presença dos juízes, Jesus mantém-Se em silêncio: ‘Mas Jesus continuava calado’ (Mt 26, 63).  Este silêncio revela-nos o seu abandono, a sua submissão à vontade do Pai, o seu amor para conosco. [...] Deseja, antes de mais nada, dar o seu sangue, a sua vida, para nos salvar. [...] Mas pede também que morramos para os nossos pecados, para os nossos defeitos, para a nossa natureza corrompida, a fim de vivermos uma vida nova, uma vida inteiramente sobrenatural, a sua própria vida. (D. E. 1998, p. 35)Podemos perceber, entre as atitudes do Salvador acima destacas que Ele, mesmo sendo Deus, passou por provações humanas. Dor, sofrimento, medo, angústia, sentimento de abandono. Experimentou em tudo nossa condição, exceto o pecado. Mas de tudo isso, o que mais chama a minha atenção e quero, pois, partilhar convosco, é o silenciamento de Nosso Senhor. Diante de Pilatos, dos algozes e daqueles que zombavam Dele, Ele nada dizia e de nada tentava se desviar, nos diz a Escritura. Padre Dehon diz: “Este silêncio revela-nos o seu abandono” (D. E. 1998, p. 35).

O que menos se faz atualmente, é silêncio. Porém, há uma distinção que devemos fazer entre silêncio material e silêncio interior, espiritual. Por silêncio material, entendemos o ato de não emitir ruídos sonoros, de evitar conversas, música e cuidar ao utilizar algum objeto para que este não faça ruídos. Ao passo que, por silêncio espiritual, entendemos algo mais voltado para nosso interior, para nossa intimidade. Em outras palavras, silenciar-se interiormente quer apontar uma atitude que, consequentemente, afeta nossa dimensão espiritual, ou, como diz Padre Dehon, nossa Vida Sobrenatural. Fica evidente que muitas vezes precisamos de uma certa junção dos ‘dois tipos de silêncio’ para obtermos êxito em nossa vida espiritual. Se estamos em um lugar silencioso, se passamos alguns momentos do dia mais recolhidos, mais reflexivos e meditativos, vamos, aos poucos, nos voltando ao nosso interior. E é no interior que conseguimos encontrar o Senhor, afinal, cremos que Ele habita em nós e se ‘esconde’ em nossas entranhas.

Partimos do silêncio de Jesus – silêncio de abandono, para nosso silêncio de encontro – consigo mesmo e com Deus.

São Bento, grande santo da Igreja, disse em certa ocasião que “o silêncio é o grande Mestre, pois ensina-nos sem falar nada”.

Que tal um pouco desta experiência? Vamos nos silenciar? Como disse no início, aproxima-se a Semana Santa; que tal fazermos dela um ‘Grande Retiro espiritual’; mas o quem será o pregador deste Retiro? Que apostila seguiremos? Quais as leituras bíblicas que meditaremos nos momentos oportunos?

Pode ser que eu tenha uma sugestão favorável: Deixe o Espírito Santo pregar seu retiro de Semana Santa, utilize e grande apostila da sua vida que ainda está em fase de construção. E as leituras bíblica, podem ser as da Liturgia própria da Semana Santa, as quais falam muito por si só!


Fraterno abraço! 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Quaresma: Tempo Favorável





Caros irmãos e irmãs, Paz do Sagrado Coração de Jesus e o materno amor de Maria Santíssima a todos vós!

Estamos vivendo o Tempo litúrgico da Quaresma, tempo este que, sem muitos rodeios, vai direto ao ponto: ‘Conversão’!

Sempre é tempo de conversão, de mudar de vida, de rumo e direção; essa ação é uma atitude frequente em nossa vida, em nossa caminhada sobre a terra. Caso contrário, seríamos os ‘sempre assim’ e nada nos impulsionaria, nos colocaria adiante e nos fortaleceria nas adversidades da vida presente.

Falar de Quaresma, é falar de um tempo, o qual é apontado, na linguagem bíblica, pelo número de 40 dias, onde o Senhor Jesus que “foi conduzido pelo Espírito ao Deserto” (Mc 1, 13a), retirou-se para se preparar para sua Missão salvífica no meio do povo. Por lá, “as feras o tentavam, mas os Anjos o serviam” (Mc 1, 13b).

Olhar para este ‘movimento’ de Jesus, é olhar também para o ‘movimento quaresmal’ em que cada um de nós é chamado. O ser levado pelo Espírito, aponta a dimensão do deixar-se conduzir por Deus, atitude esta que, sem dúvidas, não foi algo ausente da vida de Cristo, muito pelo contrário, Ele mesmo disse que “o meu alimento é fazer a vontade do meu Pai” (Jo 4, 33-34). O Cristo foi obediente em sua vida terrena e não hesitou em fazer aquilo que o Pai lhe designara e dera como missão em face de nossa Salvação.

Além da Obediência, percebe-se a tentação do demônio, o astuto por excelência, que quis fazer o Cristo obediente, tornar-se corrupto e falho. Acompanhamos no Evangelho de Mateus, no início do capítulo 4, as três grandes tentações que foram colocadas diante do Senhor: a primeira delas, foi a de transformar as pedras em pão, afim de que Ele se alimentasse e não mais fizesse o jejum que havia iniciado; na segunda tentação, o Filho de Deus é ‘testado’ em relação ao seu poder exatamente quando o demônio sugeriu que ele se jogasse do alto do templo; e, por fim, na terceira tentação, Jesus nega a adoração ao inimigo. Sequencialmente, as tentações resumem-se em Prazer, Poder e ter. O Cristo não quis se fartar com o pão, nem mostrar sua Glória e majestade, muito menos ‘ter’ os reinos prometidos pelo inimigo, exatamente por que não foi para isso que ele veio – para se mostrar e ser servido.

Ele veio para servir. Seria familiar essa expressão? Sim! “Eu vim para servir” (Mc 10,45) é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano que é para nós uma chamada de atenção em relação à nossa vida de serviço, de doação, de ‘esvaziamento de nós mesmos’ para nossa doação ao próximo, à sociedade que está gritando e pregando, exatamente, que o Prazer, Poder e Ter devem ter a primazia na vida moderna.

Conversão, por fim, é esta mudança, uma espécie de, como dizem no popular, ‘remar contra a maré’ e lutar pelos valores para uma vida mais digna e justa. Conversão é ‘ver como algo está e buscar meios para que, se for preciso, não esteja mais assim’. É mudança, às vezes radical, sem contornos nem desculpas velhas. É, sobretudo, confiança, afinal quem confia sabe que pode ‘mudar de rota’ e pegar outra via, pois tem Alguém que é, para todos, sem acepção de pessoas, “O Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6)

Desejo um bom final de Quaresma e um proveitoso tempo da Paixão do Senhor!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Santa Margarida Maria Alacoque, a esposa do Coração de Jesus (Parte 01)




Com o desejo de conhecer melhor e de modo mais aprofundado a vida dos Santos e Santas padroeiros da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, resolvi ler sobre estes e partilhar aqui no meu blog simples anotações que estou fazendo ao longo das leituras. Caso resolva ler comigo, boa leitura!!!


"Jesus, que a destinara a reacender no mundo o fogo do seu divino amor, quis que ela fosse por este inflamada desde o alvorecer dos seus dias, e de bênçãos celestes mandou que os seus anjos lhe enflorassem o berço". 

(Santa Margarida Maria Alacoque, a esposa do Sagrado Coração de Jesus. Obra compilada pelo Servo de Deus Pe. André Beltrami. 1932. p. 05)

Aos 22 de julho de 1647, nasce Margaria Maria Alacoque, em Lhautecour, próximo de Paray, na França. Sua mãe, Felisberta Lamyn, sempre teve o pressentimento de que sua filha haveria de desempenhar uma missão sublime na Santa Igreja.
Com cinco anos de idade, a santa já odiava a sombra do pecado, como nos relata um dos seus historiadores com base em informações de seus pais a respeito de algumas inclinações da menina. “Era preciso apenas dizer que isso causava desgosto a Deus” para que ela desistisse do que pretendia.
Relatou seu irmão que certa vez, em épocas de Carnaval, toda juventude da aldeia se encontrava nas praças e eram regados pelas belas músicas e danças festivas. Ele, por sua vez, convidou sua irmã Margarida para vestir-se de fantasias e se mascarar afim de participar das festividades. Ela, porém, disse ao irmão que tal ação ofendia a Deus e que ela preferia ficar no recolhimento e na oração. O mais curioso disso é sua idade: pouco mais de cinco anos!
Seus pais contam que Margarida sempre ficava pelos cantos da casa ajoelhada em oração; sua participação na vida da Igreja sempre foi ativa: Santo sacrifício da Missa, rituais sacros e passavam longos instantes em adoração, negando se retirar da presença do Santíssimo Sacramento.
Com o desejo de aprimorar a educação da filha, seus pais a enviaram para os cuidados de sua madrinha, Margarida. A menina continuava recolhida pelos bosques e campos, rezando insistentemente a Deus e mantendo com Ele íntimo contato. Ela ainda não sabia exatamente o que era o voto de castidade, mas sentia-se inteiramente chamada a se consagrar totalmente a Deus e a seu serviço. Em um dia, conta-nos ela em sua Autobiografia que no momento da consagração na Santa Missa, ela proferiu as seguintes palavras: “Deus do meu coração, consagro-vos a minha pureza, faço voto de perpétua castidade “, consagrando-se, assim, toda a Nosso Senhor.
Em uma filial devoção à Santíssima Virgem Maria, Margarida exalava santidade. Afirmou: “Recorri a Maria Santíssima em todas as minhas necessidades e Ela me livrou de enormes perigos. Não me atrevia a recorrer diretamente ao seu Divino Filho: sempre o fazia por meio d'Ela. Oferecia-lhe o santo Rosário, rezando-o de joelhos, ou fazendo tantas genuflexões quantas são as suas Ave-Marias, ou beijando o chão outras tantas vezes»

Mas a vida de Margarida também fora marcada por momentos de escuridão e dor, onde sua fé era o sustento e força para caminhar. Com o falecimento de sua madrinha, Margarida retorna à casa de seus pais no ano de 1655 e no fim do mesmo ano, Deus chama seu pai à glória eterna. A menina, porém, conforta-se com os cuidados de Deus e a Ele bendiz a todo tempo. Sua mãe a envia para o Convento das Clarissas devido sua falta de tempo para a dedicação necessária na educação da filha e Margarida ingressa neste ambiente religioso, experimentando o silêncio do claustro, a austeridade, a seriedade nas orações comuns, a modéstia e o recolhimento daquelas irmãs que serviam ao Senhor de um modo tão simples e verdadeiro que, aos poucos, seu coração foi sendo encaminhado para a consagração na vida religiosa a Deus.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Fotos que falam por si...

 Mosteiro beneditino São João, Campos do Jordão - SP 
Uma monja, após a Santa Missa, realiza suas tarefas....

...aos olhos humanos, uma simples atividade, aos olhos de Deus, uma grande doação de si mesma!



Um caminho: feito para ser trilhado, perpassado....andemos nos caminhos que Deus nos propõe!