Caros amigos e amigas, Paz do Coração de Jesus!
Tenho me dedicado na leitura
místico-espiritual de Santa Catarina de Sena, especialmente sua célebre obra O Diálogo, onde ela, “pobre e indigna
serva”, dialoga com o Senhor de sua alma.
É perceptível o grau de
intimidade que ela possui com o Mestre e, evidentemente, como ela nos repassa
sua experiência mística com Ele. É claro que palavras não conseguem exprimir o
todo de uma experiência, mas conseguem, por outro lado, inspirar-nos na busca
pela intimidade com Deus. Os Santos nos apontam estes caminhos; caminhos que
nos levam Ao Verdadeiro e Único Caminho – o próprio Senhor.
Uma das mais belas
elucidações que a Santa Doutora faz, é a explicação de Deus à sua alma, da
imagem do “Cristo-Ponte” e isso gostaria de partilhar com vocês, caros amigos.
“Fiz do meu Filho – diz o
Senhor a ela, uma ponte, visto que a estrada para o céu foi interrompida por
Adão”. Continua Ele: “Com o advento do pecado, imediatamente brotou um rio
tempestuoso [...] São as misérias e males provenientes do próprio homem, do
demônio e do mundo” [...] Para remediar a tantos males, construí a ponte no meu
Filho” (10.2; 10.3). Sobre o ‘material desta ponte’, diz o Senhor: ocorreu que
uni o humano com o Divino, afim de constituir tal ponte e que esta fosse firme,
tal que sustentasse tamanha envergadura (entre o rio do pecado até a vida
Eterna”. (10.5) E ainda: “Todos vós deveis passar por esta ponte, louvando-me
através do trabalho pela salvação dos homens e tolerando muitas dificuldades”
(10.6).
Catarina, então, mediante
tais revelações místicas, questiona o Senhor e “pergunta por quem passará pela
ponte” (11). Ele lhe revela que Cristo é essa ponte e ensina o que fazer para
passar por esta: “Esta ponte é meu Filho e possui três degraus [...] o primeiro
é formado pelos seus pés cravados na Cruz, que representam o Amor que
transporta o Corpo e a Alma; por este, se chega ao segundo degrau – o peito
aberto de Nosso Senhor, donde nos são revelados os segredos do Coração de Jesus
e onde o homem fixa o pensamento no Coração transpassado do Salvador [...] O
terceiro, por fim, é a boca de Cristo, onde o homem encontra a Paz, depois de
uma luta para vencer as suas culpas”. (12.1) No primeiro degrau, o Cristão se
afasta da afeição terrena, do apego às coisas materiais, despoja-se dos vícios e coloca-se a caminho da Vida Eterna, no
segundo adquire Virtudes e no
terceiro a Paz. (cf. 12.1)
Essa revelação pareceu-me
muito oportuna, sobretudo para os dias de hoje, onde tenta-se, a qualquer custo
e modo, afastar o homem e a mulher do caminho da salvação, do caminho estreito
e árduo a ser trilhado. Oferecem ‘mil e uma coisas’ e, aos poucos, vamos nos
deixando levar ‘por isso e por aquilo’. Coisas prazerosas, é claro! Nada parece
custar renúncia e sofrimento, mas sim, geram alegrias e prazer.
Hoje, não se opta por 'passar por uma ponte', ainda
mais quando se fala que 'Cristo é uma ponte'. muitos preferem arriscar-se por
trilhas da incerteza, atalhos do egoísmo ou até mesmo preferem passar pelos
vales da soberba ou cruzar serras e montanhas do fechamento de si mesmo. Não se
'passa pela Ponte', mas arrisca-se na travessia por si mesmo. Não contam com a
ajuda do irmão, muito menos de Cristo.
Não parece ser esse o
Caminho que nos conduz à Salvação e à Vida Eterna. O que Deus revelou à sua
Serva Catarina, é uma revelação a nós, hoje, que somos bombardeados com tantas
informações e ilusões que parecem querer ‘tirar-nos do caminho’ e ‘evitarmos a
ponte’ que é Cristo. Ele mesmo nos disse no Evangelho: “tome sua Cruz e siga-me”,
“Vem, segue-me etc.
Compreendi tal ‘ponte’ como
um alerta: É preciso atentarmo-nos ao caminho que escolhemos! Subir tais
degraus, quer nos apontar uma ‘subida’ espiritual, uma ‘Ascensão com Cristo”,
aspirando, assim, as coisas do Alto e não meramente as da Terra que também são
boas e muitas necessárias ao homem e sua sobrevivência, mas não bastam e não
podem nos fechar à dimensão espiritual da Vida. Somos mais do que matéria,
somos Espírito, somos Alma e tudo isso deve orientar-se para Deus. Não devemos
evitar a ponte, mas passar por ela!
Proponho um exercício:
Olhemos para um crucifixo! Lá temos, visivelmente, a ponte erguida, pronta a
ser percorrida. O primeiro e fundamental passo Ele já nos deu, e agora?