Caros irmãos e irmãs, Paz do Sagrado Coração de Jesus e o
materno amor de Maria Santíssima a todos vós!
Estamos entrando na Semana Santa, tempo forte em nossa
vida. Como disse no artigo anterior, a Quaresma indica este tempo favorável à
conversão do coração, das atitudes – o rasgar o homem velho afim de que viva em
nós o homem novo, renovado, segundo o Espírito Santo que nos deu o Pai, por
Jesus.
Padre Dehon, fundador da Congregação dos Padres do
Sagrado Coração de Jesus, foi um amante do Mistério da Paixão de Cristo e viu,
neste ato solene, elementos fundamentais da nossa fé e da nossa adesão a Cristo
Jesus.
No Diretório
Espiritual, obra deixada por ele aos seus religiosos, dedica parte à Paixão
de Cristo e mostra como o Senhor nos ensina com seus atos diante de sua
condenação e morte.
Assim nos diz:
“No seu modesto triunfo, montando um jumentinho, no começo da Semana Santa, Nosso Senhor ensina-nos a doçura e a humildade: [...] ‘Aí vem o teu rei manso’ (Mt 21, 5). Em Betânia, durante a Semana Santa, Jesus dá-nos, junto dos seus amigos, um exemplo de fidelidade nas provações. Durante a agonia, no Jardim das Oliveiras, com os seus indizíveis sofrimentos, ensina-nos o que é o pecado, quanto ele pesa na sua alma inocente. Convida-nos a nos unirmos à sua agonia, a passar com Ele as tardes, o começo da noite, para consolar o seu Coração com os nossos sentimentos de amor e de compaixão. Na presença dos juízes, Jesus mantém-Se em silêncio: ‘Mas Jesus continuava calado’ (Mt 26, 63). Este silêncio revela-nos o seu abandono, a sua submissão à vontade do Pai, o seu amor para conosco. [...] Deseja, antes de mais nada, dar o seu sangue, a sua vida, para nos salvar. [...] Mas pede também que morramos para os nossos pecados, para os nossos defeitos, para a nossa natureza corrompida, a fim de vivermos uma vida nova, uma vida inteiramente sobrenatural, a sua própria vida. (D. E. 1998, p. 35)Podemos perceber, entre as atitudes do Salvador acima destacas que Ele, mesmo sendo Deus, passou por provações humanas. Dor, sofrimento, medo, angústia, sentimento de abandono. Experimentou em tudo nossa condição, exceto o pecado. Mas de tudo isso, o que mais chama a minha atenção e quero, pois, partilhar convosco, é o silenciamento de Nosso Senhor. Diante de Pilatos, dos algozes e daqueles que zombavam Dele, Ele nada dizia e de nada tentava se desviar, nos diz a Escritura. Padre Dehon diz: “Este silêncio revela-nos o seu abandono” (D. E. 1998, p. 35).
O que menos se faz
atualmente, é silêncio. Porém, há uma distinção que devemos fazer entre
silêncio material e silêncio interior, espiritual. Por silêncio material,
entendemos o ato de não emitir ruídos sonoros, de evitar conversas, música e
cuidar ao utilizar algum objeto para que este não faça ruídos. Ao passo que,
por silêncio espiritual, entendemos algo mais voltado para nosso interior, para
nossa intimidade. Em outras palavras, silenciar-se interiormente quer apontar
uma atitude que, consequentemente, afeta nossa dimensão espiritual, ou, como
diz Padre Dehon, nossa Vida Sobrenatural.
Fica evidente que muitas vezes precisamos de uma certa junção dos ‘dois tipos
de silêncio’ para obtermos êxito em nossa vida espiritual. Se estamos em um
lugar silencioso, se passamos alguns momentos do dia mais recolhidos, mais
reflexivos e meditativos, vamos, aos poucos, nos voltando ao nosso interior. E é
no interior que conseguimos encontrar o Senhor, afinal, cremos que Ele habita
em nós e se ‘esconde’ em nossas entranhas.
Partimos do silêncio de
Jesus – silêncio de abandono, para nosso silêncio de encontro – consigo mesmo e
com Deus.
São Bento, grande santo da
Igreja, disse em certa ocasião que “o silêncio é o grande Mestre, pois
ensina-nos sem falar nada”.
Que tal um pouco desta
experiência? Vamos nos silenciar? Como disse no início, aproxima-se a Semana
Santa; que tal fazermos dela um ‘Grande Retiro espiritual’; mas o quem será o
pregador deste Retiro? Que apostila seguiremos? Quais as leituras bíblicas que
meditaremos nos momentos oportunos?
Pode ser que eu tenha uma
sugestão favorável: Deixe o Espírito Santo pregar seu retiro de Semana Santa,
utilize e grande apostila da sua vida que ainda está em fase de construção. E as
leituras bíblica, podem ser as da Liturgia própria da Semana Santa, as quais
falam muito por si só!
Fraterno abraço!