sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O "Cristo-Ponte" - Santa Catarina de Sena






Caros amigos e amigas, Paz do Coração de Jesus!


Tenho me dedicado na leitura místico-espiritual de Santa Catarina de Sena, especialmente sua célebre obra O Diálogo, onde ela, “pobre e indigna serva”, dialoga com o Senhor de sua alma.

É perceptível o grau de intimidade que ela possui com o Mestre e, evidentemente, como ela nos repassa sua experiência mística com Ele. É claro que palavras não conseguem exprimir o todo de uma experiência, mas conseguem, por outro lado, inspirar-nos na busca pela intimidade com Deus. Os Santos nos apontam estes caminhos; caminhos que nos levam Ao Verdadeiro e Único Caminho – o próprio Senhor.

Uma das mais belas elucidações que a Santa Doutora faz, é a explicação de Deus à sua alma, da imagem do “Cristo-Ponte” e isso gostaria de partilhar com vocês, caros amigos.
“Fiz do meu Filho – diz o Senhor a ela, uma ponte, visto que a estrada para o céu foi interrompida por Adão”. Continua Ele: “Com o advento do pecado, imediatamente brotou um rio tempestuoso [...] São as misérias e males provenientes do próprio homem, do demônio e do mundo” [...] Para remediar a tantos males, construí a ponte no meu Filho” (10.2; 10.3). Sobre o ‘material desta ponte’, diz o Senhor: ocorreu que uni o humano com o Divino, afim de constituir tal ponte e que esta fosse firme, tal que sustentasse tamanha envergadura (entre o rio do pecado até a vida Eterna”. (10.5) E ainda: “Todos vós deveis passar por esta ponte, louvando-me através do trabalho pela salvação dos homens e tolerando muitas dificuldades” (10.6).

Catarina, então, mediante tais revelações místicas, questiona o Senhor e “pergunta por quem passará pela ponte” (11). Ele lhe revela que Cristo é essa ponte e ensina o que fazer para passar por esta: “Esta ponte é meu Filho e possui três degraus [...] o primeiro é formado pelos seus pés cravados na Cruz, que representam o Amor que transporta o Corpo e a Alma; por este, se chega ao segundo degrau – o peito aberto de Nosso Senhor, donde nos são revelados os segredos do Coração de Jesus e onde o homem fixa o pensamento no Coração transpassado do Salvador [...] O terceiro, por fim, é a boca de Cristo, onde o homem encontra a Paz, depois de uma luta para vencer as suas culpas”. (12.1) No primeiro degrau, o Cristão se afasta da afeição terrena, do apego às coisas materiais, despoja-se dos vícios e coloca-se a caminho da Vida Eterna, no segundo adquire Virtudes e no terceiro a Paz. (cf. 12.1)

Essa revelação pareceu-me muito oportuna, sobretudo para os dias de hoje, onde tenta-se, a qualquer custo e modo, afastar o homem e a mulher do caminho da salvação, do caminho estreito e árduo a ser trilhado. Oferecem ‘mil e uma coisas’ e, aos poucos, vamos nos deixando levar ‘por isso e por aquilo’. Coisas prazerosas, é claro! Nada parece custar renúncia e sofrimento, mas sim, geram alegrias e prazer.

Hoje, não se opta por 'passar por uma ponte', ainda mais quando se fala que 'Cristo é uma ponte'. muitos preferem arriscar-se por trilhas da incerteza, atalhos do egoísmo ou até mesmo preferem passar pelos vales da soberba ou cruzar serras e montanhas do fechamento de si mesmo. Não se 'passa pela Ponte', mas arrisca-se na travessia por si mesmo. Não contam com a ajuda do irmão, muito menos de Cristo.
Não parece ser esse o Caminho que nos conduz à Salvação e à Vida Eterna. O que Deus revelou à sua Serva Catarina, é uma revelação a nós, hoje, que somos bombardeados com tantas informações e ilusões que parecem querer ‘tirar-nos do caminho’ e ‘evitarmos a ponte’ que é Cristo. Ele mesmo nos disse no Evangelho: “tome sua Cruz e siga-me”, “Vem, segue-me etc.

Compreendi tal ‘ponte’ como um alerta: É preciso atentarmo-nos ao caminho que escolhemos! Subir tais degraus, quer nos apontar uma ‘subida’ espiritual, uma ‘Ascensão com Cristo”, aspirando, assim, as coisas do Alto e não meramente as da Terra que também são boas e muitas necessárias ao homem e sua sobrevivência, mas não bastam e não podem nos fechar à dimensão espiritual da Vida. Somos mais do que matéria, somos Espírito, somos Alma e tudo isso deve orientar-se para Deus. Não devemos evitar a ponte, mas passar por ela!


Proponho um exercício: Olhemos para um crucifixo! Lá temos, visivelmente, a ponte erguida, pronta a ser percorrida. O primeiro e fundamental passo Ele já nos deu, e agora?