Fica
conosco, Senhor!
Caros
irmãos e irmãs, Paz do Sagrado Coração de Jesus e o materno amor de Maria
Santíssima a todos vós!
Na semana que chamamos de
Oitava da Páscoa, a Liturgia aponta para os vários momentos de aparição que o
Mestre dignou-se fazer aos seus discípulos após sua ressureição.
Conhecemos o exemplo de
Tomé, sobretudo na passagem do Evangelista João que nos narra assim: “A paz esteja convosco! Tendo dito isto,
mostrou-lhes as mãos e o lado. [...] Um dos doze, Tomé, não estava com eles
quando veio Jesus. [...] Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se eu
não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei” (Jo
20, 24-25)
Outro relato de aparição do
Senhor, está, também, em João, no Epílogo (Capítulo 21), onde se lê: “Depois disso, Jesus mostrou-se novamente
aos seus discípulos, às margens do mar de Tiberíades”.
Porém, a passagem que mais
nos deixa encantados com a presença viva do Senhor em nosso meio, é a passagem
dos Discípulos de Emaús. Encontramos em Lucas um belíssimo relato desta
episódio que, ao mesmo tempo, nos conforta, mas questiona. Dediquemos algumas
linhas acerca desse acontecimento.
“[...] Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus se
aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles, seus olhos, porém, estavam impedidos
de reconhecê-lo”. (Lc 24, 15-16).
Já nesta primeira parte da
narrativa, percebemos um “Jesus que se põe a caminho”, ou se preferirmos, um
“Jesus em movimento”, que não deixa que se entristeçam por sua causa. Ele
caminha com eles, e mais adiante, dialogará com os mesmos. Porém, eles, assim
como nós, nos dia de hoje, são impedidos de reconhecê-lo, não conseguem vê-lo e
senti-lo como o Cristo Vivo e presente naquela circunstância.
“[...] Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando? [...] Tu és o único forasteiro em Jerusalém que
ignora os fatos que nela aconteceram nesses últimos dias? [...] O que aconteceu com Jesus de Nazaré [...]”.
(Lc 24, passim).
Os discípulos estão com Ele,
com Jesus de Nazaré e ainda questionam sobre sua certa ignorância em relação
aos fatos que aconteceram em Jerusalém. “Tu não sabes?” Um deles chamado
Cléofas, pergunta ao Mestre e Senhor. Devemos transportar-nos ao texto e seu
contexto e imaginar, como diz um padre formador, ‘usarmos nossa imaginação’
para saborearmos a Palavra e compreender sua mensagem. É Jesus que se faz
presente, a caminho, e são homens que, mesmo em sua presença, não o reconhecem
e ainda o questionam. Quantas vezes não vemos o Senhor que caminha conosco!
Quantos são os questionamentos que fazemos em relação desta doce presença entre
nós!
“[...] esperávamos que ele fosse [...] ele,
que era um profeta [...]” (Lc 24, passim).
Estes são recortes da fala dos Discípulos a caminho de casa que demonstram o ‘o
tom de passado’ da conversa com aquele forasteiro desinformado. Era passado.
Tudo passou. Todas as esperanças e sonhos foram frustrados, pois o ‘Senhor
passou’; passaram suas promessas, seus feitos grandiosos e suas belíssimas
exortações. Passaram, ainda, sua presença na terra e restava a crueldade e
intolerância humanas. Havia naquele caminhar a falta de esperança!
Como já dito, o Evangelho
quer dizer algo de atual a nós e como não pensar em nosso caminhar sem
esperança que, por muitas vezes, percorremos durante a vida? Falta Esperança em
nós. Não vãs e passageiras esperanças, porque destas estamos impregnados. O que
falta em nós é a virtude da Esperança! Como afirma o Catecismo da Igreja Católica,
“Esperança é uma virtude teologal pela
qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo
nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças,
mas no socorro da Graça do Espírito Santo” (CIC 1817).
É tempo Pascal! Tempo de
renovar nossa Esperança como peregrinos deste mundo. Um peregrino sem Esperança,
é como um navio sem norte, sem direção!
Renovemos nossas
disposições, reafirmemos valores e sejamos, cada dia mais, imagem e semelhança
de Deus, construindo, assim, uma sociedade mais divina, mais filial e, como consequência,
mais humana!
Abraços pascais!