sexta-feira, 24 de abril de 2015

"Fica conosco, Senhor"! - Lc 24

Fica conosco, Senhor!



Caros irmãos e irmãs, Paz do Sagrado Coração de Jesus e o materno amor de Maria Santíssima a todos vós!

Estamos vivendo na Igreja o Tempo Pascal. Esta parte da nossa caminhada, é marcada pela alegria da presença do Ressuscitado entre nós! Isso mesmo! Aquele que foi condenado, preso, sofreu tormentos e martírios, morreu cruelmente pregado numa cruz, venceu a morte com a Vida nova.

Na semana que chamamos de Oitava da Páscoa, a Liturgia aponta para os vários momentos de aparição que o Mestre dignou-se fazer aos seus discípulos após sua ressureição.

Conhecemos o exemplo de Tomé, sobretudo na passagem do Evangelista João que nos narra assim: “A paz esteja convosco! Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. [...] Um dos doze, Tomé, não estava com eles quando veio Jesus. [...] Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se eu não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20, 24-25)

Outro relato de aparição do Senhor, está, também, em João, no Epílogo (Capítulo 21), onde se lê: “Depois disso, Jesus mostrou-se novamente aos seus discípulos, às margens do mar de Tiberíades”.

Porém, a passagem que mais nos deixa encantados com a presença viva do Senhor em nosso meio, é a passagem dos Discípulos de Emaús. Encontramos em Lucas um belíssimo relato desta episódio que, ao mesmo tempo, nos conforta, mas questiona. Dediquemos algumas linhas acerca desse acontecimento.

“[...] Ora, enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus se aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles, seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-lo”. (Lc 24, 15-16).

Já nesta primeira parte da narrativa, percebemos um “Jesus que se põe a caminho”, ou se preferirmos, um “Jesus em movimento”, que não deixa que se entristeçam por sua causa. Ele caminha com eles, e mais adiante, dialogará com os mesmos. Porém, eles, assim como nós, nos dia de hoje, são impedidos de reconhecê-lo, não conseguem vê-lo e senti-lo como o Cristo Vivo e presente naquela circunstância.

“[...] Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando? [...] Tu és o único forasteiro em Jerusalém que ignora os fatos que nela aconteceram nesses últimos dias? [...] O que aconteceu com Jesus de Nazaré [...]”. (Lc 24, passim).

Os discípulos estão com Ele, com Jesus de Nazaré e ainda questionam sobre sua certa ignorância em relação aos fatos que aconteceram em Jerusalém. “Tu não sabes?” Um deles chamado Cléofas, pergunta ao Mestre e Senhor. Devemos transportar-nos ao texto e seu contexto e imaginar, como diz um padre formador, ‘usarmos nossa imaginação’ para saborearmos a Palavra e compreender sua mensagem. É Jesus que se faz presente, a caminho, e são homens que, mesmo em sua presença, não o reconhecem e ainda o questionam. Quantas vezes não vemos o Senhor que caminha conosco! Quantos são os questionamentos que fazemos em relação desta doce presença entre nós!

“[...] esperávamos que ele fosse [...] ele, que era um profeta [...]” (Lc 24, passim). Estes são recortes da fala dos Discípulos a caminho de casa que demonstram o ‘o tom de passado’ da conversa com aquele forasteiro desinformado. Era passado. Tudo passou. Todas as esperanças e sonhos foram frustrados, pois o ‘Senhor passou’; passaram suas promessas, seus feitos grandiosos e suas belíssimas exortações. Passaram, ainda, sua presença na terra e restava a crueldade e intolerância humanas. Havia naquele caminhar a falta de esperança!

Como já dito, o Evangelho quer dizer algo de atual a nós e como não pensar em nosso caminhar sem esperança que, por muitas vezes, percorremos durante a vida? Falta Esperança em nós. Não vãs e passageiras esperanças, porque destas estamos impregnados. O que falta em nós é a virtude da Esperança! Como afirma o Catecismo da Igreja Católica, “Esperança é uma virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da Graça do Espírito Santo” (CIC 1817).

É tempo Pascal! Tempo de renovar nossa Esperança como peregrinos deste mundo. Um peregrino sem Esperança, é como um navio sem norte, sem direção!
Renovemos nossas disposições, reafirmemos valores e sejamos, cada dia mais, imagem e semelhança de Deus, construindo, assim, uma sociedade mais divina, mais filial e, como consequência, mais humana!


Abraços pascais!